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Fenprof denuncia manipulação das estatísticas na educação

Rankings das escolas não são «credíveis nem legítimos»

A Fenprof tece fortes críticas aos rankings das escolas e lembra que os exames nacionais «são apenas um elemento de avaliação e não a medida de tudo o que se faz na escola».

Alunas do Colégio Nossa Senhora do Rosário no Porto, 14 de Dezembro de 2016. A escola, que ocupa o primeiro lugar do ranking pelo terceiro ano consecutivo, cobrava mensalidades de cerca de 500 euros no ano lectivo passado
Alunas do Colégio Nossa Senhora do Rosário no Porto, 14 de Dezembro de 2016. A escola, que ocupa o primeiro lugar do ranking pelo terceiro ano consecutivo, cobrava mensalidades de cerca de 500 euros no ano lectivo passadoCréditosJosé Coelho / Agência LUSA

O comunicado da Federação Nacional de Professores (Fenprof/CGTP-IN) lembra que este é o 16.º ano consecutivo em que os rankings construídos a partir dos resultados dos alunos são divulgados. Mas, apesar de terem vindo a ser introduzidos novos critérios e indicadores, os rankings continuam longe de ter «credibilidade ou legitimidade» e, por isso, a estrutura «demarca-se desta divulgação, denunciando a forma abusiva como as escolas são catalogadas como "boas" e "más", "melhores" e "piores"».

Os professores lembram que, desde que começaram a ser divulgados os resultados, foram criticando «estas ordenação de escolas» por serem «redutoras, injustas e perversas». Sublinhando que «os professores não desvalorizam os resultados escolares», a federação sindical alerta que «não se deve confundir exames com avaliação, nem avaliação com mais e melhor educação».

Os exames nacionais, cujos resultados dos alunos determinam a ordenação das escolas no ranking, «são apenas um elemento de avaliação e não a medida de tudo o que se faz na escola», diz a Fenprof, lembrando que a escola deve «ajudar os alunos a entender o mundo e realizarem-se como pessoas».

As escolas que têm ocupado os lugares cimeiros têm sido, ano após ano, escolas privadas. Para os professores a explicação é simples: estas «selecionam os seus alunos, trabalhando assim com grupos mais homogéneos do que os das escolas públicas, o que favorece a obtenção de médias de classificação mais elevadas». O objectivo é introduzir a «ideia, errada, de que o ensino privado tem mais qualidade que o público».

Este exercício de manipulação é denunciado pela Fenprof, nomeadamente pela entrega prévia das classificações a diversos órgãos de comunicação social, o que permite «o espetáculo mediático» a que hoje se assiste. Esta opção «impede outros (as escolas, outras instituições, a comunidade científica) de atempadamente se debruçarem» sobre os resultados dos rankings, sem a pressão «de toda a demagogia que habitualmente acompanha» a sua divulgação mediática.

De acordo com o Público, na lista de escolas que mais inflacionam as notas relativamente aos resultados dos exames nacionais, dois terços são escolas privadas. Pelo contrário, na lista das 16 escolas que dão notas mais baixas que os resultados dos alunos nos exames, 11 são públicas.

Países pioneiros abandonaram rankings após efeitos perversos

Países como a Irlanda acabaram por abandonar a prática, depois de ter revelado efeitos perversos, ao colocar numa situação cronicamente frágil as escolas com resultados mais fracos.

«As escolas com piores classificações entraram num processo de acentuar os fatores de guetização e de resultados progressivamente piores», disse à Lusa o professor catedrático António Teodoro, especialista em educação.

Nos últimos lugares das tabelas de rankings elaborados anualmente por vários órgãos de comunicação social a partir de dados do Ministério da Educação, encontram-se consecutivamente escolas inseridas em contextos sociais mais desfavoráveis.

«Esses bairros, como o do Cerco (Porto), por exemplo, são bairros de grande exclusão social», defendeu. «Se não for quebrado esse ciclo de pobreza, a todos os níveis, obviamente que a escola pode dar o seu contributo, mas não pode tudo, nem pode o essencial», observou.

Com Lusa

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