Mensagem de erro

User warning: The following module is missing from the file system: standard. For information about how to fix this, see the documentation page. in _drupal_trigger_error_with_delayed_logging() (line 1143 of /home/abrilabril/public_html/includes/bootstrap.inc).

No Estreito de Câmara de Lobos produz-se cerca de metade da totalidade da uva utilizada na produção do Vinho Madeira

Madeira: «O valor pago pela uva não paga o transporte»

Os agricultores da freguesia do Estreito da Câmara de Lobos, na Região Autónoma da Madeira, denunciam dificuldades de escoamento de uva para Vinho Madeira e acusam a autarquia de Câmara de Lobos de aproveitamento eleitoralista. 

Créditos / Essential Madeira Islands

A questão não é nova mas agravou-se pelo facto de 2017 ter sido um melhor ano de produção. Estranho? Vamos por partes.

Na freguesia do Estreito de Câmara de Lobos, onde se produz cerca de metade das uvas utilizadas na produção do Vinho Madeira, cultiva-se predominantemente a casta Tinta Negra Mole. Mas as adegas têm-se mostrado renitentes em aceitá-la devido à preferência pela Verdelho.

O candidato da CDU à Câmara Municipal de Câmara de Lobos, Alexandre Fernandes, uma das vozes que tem dado corpo ao protesto dos agricultores, explica que se tem vindo a incentivar o Governo Regional, mas também o município de Câmara de Lobos, no sentido de se accionarem as políticas que permitam ao agricultor fazer a reconversão da vinha. «Porque, de ano para ano, existe maior dificuldade em fazer o escoamento da produção», esclarece.

O alerta já tinha surgido no ano passado, apesar de o Governo Regional, através do Instituto do Vinho, ter acabado por comprar o excedente, embora a um preço baixo. Este, Alexandre Fernandes diz tratar-se de um ano excepcional, não só em termos de quantidade mas também, estima-se, ao nível da qualidade. Por ter sido um ano bastante seco e quente, a uva atingiu um bom grau alcoólico.  

«O Governo Regional não defende os interesses dos agricultores»

As adegas abriram a recepção aos agricultores, entre quatro a cinco dias, a pagar 80 cêntimos por quilo, «e depois disseram que não podiam receber mais porque tinham atingido o limite dos lotes que se tinham proposto adquirir». Não bastasse, Fernandes acrescenta que, pelo facto de os agricultores terem ainda muita uva nas latadas e nas vinhas, as adegas reabriram a porta mas a um preço ainda mais baixo: 50 cêntimos por quilo. 

Alexandre Fernandes denuncia o aproveitamento da situação por parte dos produtores uma vez que, «para pagar a 80 cêntimos já tinham excedido os valores, mas a 50 cêntimos já conseguem receber». Simultaneamente acusa o Governo Regional de «não defender os interesses dos agricultores», enquanto as adegas «fazem e dominam a seu bel-prazer». 

«Câmara Municipal paga 14 cêntimos»

Mais grave ainda, segundo Alexandre Fernandes, é o facto de a Câmara Municipal de Câmara de Lobos oferecer 14 cêntimos por quilo aos agricultores que ainda tenham excedente. «É difícil classificar este valor, nem dá para pagar o transporte das uvas para a adega», defende o ainda eleito do PCP na Assembleia Municipal de Câmara de Lobos. 

Por outro lado, denuncia que este não é o papel do município. «Através de um contrato com um dos produtores do concelho, a Câmara fez uma oferta puramente eleitoralista. Isto é gozar com quem trabalhou a terra durante um ano inteiro».

Alexandre Fernandes revela que os agricultores estão «revoltados» e detalha que, a par de acções tomadas anteriormente na Assembleia Municipal, hoje foi requerida pelo grupo parlamentar do PCP na Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira uma audição do secretário regional da Agricultura, a fim de dar explicações sobre este processo, «designadamente como é que as adegas de vinho oferecem valores de 80 e 50 cêntimos, mas também sobre a reconversão da vinha».

No final, acrescenta, «o que importa é que os agricultores não percam rendimentos e o investimento efectuado».

Valorizar a produção e apostar na reconversão 

O programa comunitário VITIS previa a reestruturação e reconversão das vinhas a fundo perdido, no período 2014-2018, mas as candidaturas já fecharam em Janeiro deste ano. Em Março, e depois do anúncio realizado no final do ano passado pelo secretário de Estado da Agricultura e Alimentação, Luís Medeiros Vieira, acerca do prolongamento do programa até 2020, o deputado do PCP ao Parlamento Europeu, Miguel Viegas, pediu à Comissão Europeia que confirmasse essa possibilidade, «em que modalidade e envelopes financeiros».

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui