As sondagens dão a vitória, nestas eleições legislativas, ao Partido Popular para a Liberdade e Democracia (VVD, direita), do actual primeiro-ministro, Mark Rutte, seguido do Partido para a Liberdade (PVV, extrema-direita), liderado por Geert Wilders.
De acordo com um portal que recolhe dados de grandes sondagens na Holanda, Peilingwijzer, o VVD deve eleger entre 24 e 28 deputados, enquanto o PVV deve alcançar entre 19 e 23 assentos na câmara baixa do Parlamento holandês. Seguem-se os democratas-cristãos do CDA, com 19-21 deputados.
Prevê-se que os centristas D66 (17-19), a Esquerda Verde (16-18), o Partido Socialista (14-16) e os trabalhistas do PvdA (10-12) também elejam mais de dez deputados. A confirmar-se esta estimativa, ambos os partidos que integram a actual coligação governamental são castigados: o VVD perde no mínimo 13 deputados e o PvdA – de Jeroen Dijsselbloem, até agora ministro das Finanças e presidente do Eurogrupo – 26.
Outro elemento que sobressai nesta estimativa é o facto de o próximo governo holandês resultar de uma coligação abrangente e fragmentada – que, segundo a vontade expressa nos últimos dias por Mark Rutte e líderes de outras forças políticas na liça, deixará de fora o partido de Geert Wilders.
Direita pró-UE vs. populismo xenófobo
O discurso anti-islâmico e populista de Geert Wilders tem mais de uma década e ficou bem plasmado nos tempos que antecederam esta campanha eleitoral, com o líder do PVV a associar Islão e falta de liberdade, a defender o encerramento das mesquitas e a proibição do Corão na Holanda, a afirmar que «as pessoas estão fartas da islamização e da imigração em massa».
Por vezes, o seu discurso anti-Islão alargava-se aos «estrangeiros»: «A Holanda não é para todos, a Holanda é para os holandeses», disse, citado pela RT. A este caldo de cultivo xenófobo associou o discurso da soberania e do direito dos holandeses a «decidir o seu destino, como gastar o seu dinheiro», pela via da saída da União Europeia, de um Nexit (de Netherlands [Holanda] + exit [saída]).
Sobre o populismo de Geert Wilders e o modo como a sua «mensagem» tem acolhimento numa fatia substancial do eleitorado holandês, um representante político na cidade de Volendam disse à RT que «Wilders repara na frustração, naquilo que aí vem e que preocupa as pessoas, e que o expressa».
Mark Rutte, que considera que a saída da UE teria custos elevadíssimos e conduziria o país ao caos, centrou a sua campanha na defesa da recuperação económica e do lugar que o país ocupa no concerto europeu, face ao «extremismo» do PVV, de Wilders, a quem manifestou a total impossibilidade de com ele formar uma coligação governamental.
Grande defensor das directivas europeias, Rutte foi acusado de implementar políticas austeras, com consequências sociais sobretudo para as camadas mais baixas, e de ter deixado na gaveta promessas eleitorais relativas ao alívio fiscal ou aos cuidados para os mais idosos.
Também é acusado de, sob pressão do discurso populista de Wilders, se ter posicionado mais à direita e endurecido o discurso contra os imigrantes, numa tentativa de captar a faixa de eleitorado sensível aos argumentos da extrema-direita.
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