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Palestiniano morto a tiro pela Polícia israelita em operação de demolição no Negev

Um palestiniano foi ontem morto por forças israelitas, durante a operação de demolição da aldeia beduína de Umm al-Hiran, onde as autoridades pretendem instalar uma comunidade judaica. Diversos organismos acusam o Governo israelita de limpeza étnica.

Mulheres palestinianas sentadas junto a estruturas demolidas na aldeia beduína de Umm al-Hiran, na região do Negev
Mulheres palestinianas sentadas junto a estruturas demolidas na aldeia beduína de Umm al-Hiran, na região do NegevCréditos / newsOK.com

Centenas de palestinianos vieram para as ruas, esta quarta-feira, tanto em cidades israelitas onde a população palestiniana é maioritária ou tem uma forte presença, como na Margem Ocidental ocupada e na Faixa de Gaza cercada, protestando contra a operação de demolição da aldeia beduína de Umm al-Hiran e a violenta repressão policial contra aqueles que, no local, se opuseram a ela.

Um dos locais de protesto foi Umm al-Hiran, onde centenas de polícias israelitas se juntaram na madrugada de quarta-feira, por volta das 5h, para garantir a demolição das casas da comunidade beduína e onde mataram um residente de 47 anos, Yaqoub Moussa Abu al-Qian, alegando que teria atacado os polícias com o seu carro, fazendo vários feridos e matando um deles, informa a agência Ma'an.

No entanto, várias testemunhas relataram que o motorista perdeu o controlo da viatura e atropelou os polícias israelitas depois de ser atingido a tiro, num contexto em que não representava qualquer ameaça para as forças policiais.

Taleb Abu Arar, deputado do Knesset pela Lista Conjunta (coligação de partidos palestinianos e da esquerda não sionista em Israel), afirmou que a Polícia matou Abu al-Qian «a sangue frio»: «A polícia alvejou-o sem motivo. As alegações de que ele tentou atropelar polícias não é verdadeira», refere a Ma'an, citando o portal israelita Ynet.

As forças israelitas usaram balas com ponta de esponja, gás lacrimogéneo e granadas atordoantes para reprimir os moradores e os seus apoiantes, que se tinham juntado para resistir às demolições. Um dos feridos é o deputado Ayman Odeh, dirigente da Lista Conjunta, que foi atingido na cabeça e nas costas com balas com ponta de esponja.

Apartheid e limpeza étnica

Mais de metade dos cerca de 160 mil beduínos do Negev residem em aldeias «não reconhecidas» pelo Estado de Israel; Umm al-Hiran é uma dessas 35 aldeias beduínas «não reconhecidas». Ao classificar as aldeias desta forma, os israelitas impedem os beduínos de desenvolverem e expandirem as suas comunidades. As autoridades israelitas recusam-se a ligá-las às redes nacionais de água e electricidade, e excluem-nas do acesso a serviços de saúde e educação.

De acordo com o jornal israelita Haaretz, referido pela Ma'an, em Novembro de 2013 o Governo israelita aprovou a construção da comunidade judaica de Hiran no território de Umm al-Hiran. Os moradores da comunidade beduína, que ali existe há seis décadas, após a Nakba, opuseram-se a estes planos, mas, apesar dos recursos judiciais efectuados, também no Supremo Tribunal de Israel, não conseguiram evitar a demolição da aldeia.

Há muito que diversos organismos denunciam a política de demolições levada a cabo por Israel contra a população beduína das aldeias «não reconhecidas», afirmando que se trata de uma «expulsão da população palestiniana local para abrir caminho à expansão das comunidades judaicas».

Maya al-Orzza, da organização palestiniana BADIL, declarou à Ma'an que «os palestinianos de Umm al-Hiran têm passaportes e cidadania israelitas, mas que a política israelita de limpeza étnica, colonização, desalojamento forçado e apartheid os afecta na mesma». E acrescentou: «Essas políticas não acontecem só na Margem Ocidental e na Faixa de Gaza, mas também em Israel, contra os palestinianos», que constituem cerca de 20% dos cidadãos de Israel.

Netanyahu e Cia.

Entretanto, o primeiro-ministro israelita, Netanyahu, já veio a público afirmar que punha de lado a possibilidade de parar com as demolições em comunidades palestinianas em Israel, sublinhado que «o Estado de Israel é, acima de tudo, uma nação de Direito, que será aplicado de igual modo».

Por seu lado, tanto a ministra sionista da Justiça, Ayelet Shaked, como o ministro da Segurança Pública israelita, Gilad Erdan, acusaram os parlamentares da Lista Conjunta de «incitamento à violência». O último chegou mesmo a ameaçar o deputado Ayman Odeh, que se deslocou a Umm al-Hiran e se encontra hospitalizado, com «eventuais consequências criminais» – pese embora as evidências, corroboradas por diversas organizações israelitas, de que a Polícia e o Governo israelitas são responsáveis pela violência em Umm al-Hiran.

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