Cumpriram-se ontem 83 anos do levantamento operário vidreiro na Marinha Grande contra o fascismo. Já muito se escreveu sobre o heróico feito da classe operária. Voltar a ele não só cumpre uma homenagem à determinação dos revolucionários de Janeiro, como assinala também um ponto importante, bastas vezes evocado – quem luta nem sempre alcança, quem não luta perde sempre.
Para os revoltosos, em consequência da sua acção contra a ilegalização dos sindicatos, de acordo com o Estatuto do Trabalho Nacional, iluminado pela Carta del Lavoro, de Mussolini, a luta desencadeou uma viagem aos cárceres do fascismo, onde vários jaziram. Foi, aliás, a partir da valente jornada dos marinhenses que o fascismo criou o Campo de Morte Lenta, no Tarrafal, inspirado nos campos de concentração do nazismo.
«A bem da pátria», a ditadura usou a repressão para tentar amedrontar os que, servindo-se do exemplo e coragem dos revoltosos, dotados de uma enorme consciência de classe, alimentassem a ideia de que era possível conquistar a liberdade e a democracia.
Como a força nunca foi barreira das convicções, a violência do regime não conseguiu levar as sementes de futuro que os corajosos marinhenses nos deixaram. E essa foi a sua vitória.
A Revolução de Abril abriu portas a muitas concretizações pelas quais lutaram os operários da Marinha Grande. Mas o seu espírito resiliente deve permanecer vivo nas lutas a travar contra as investidas do capital, que tem esperança de um dia regressar ao sindicalismo por decreto.
O trabalho com direitos, o fim da precariedade e da desigualdade, a plenitude de direitos políticos, sociais, económicos e culturais, são bandeiras de ontem e de hoje, e condições centrais para a construção de um novo futuro!
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